sábado, 13 de março de 2010

Paixão de Cristo

Março 04, 2010
Aos 33 anos, Jesus foi condenado a morte.
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A pior morte da época!

Antes de ser crucificado, Meu Jesus sofreu açoites. Foram dezenas de chibatadas com uma arma especial, um "azorague", na qual na ponta de cada uma das 12 tiras de couro, haviam ossos de animais quebrados, com pontas terríveis. Ou seja, para cada chicotada que Jesus recebia nesse açoite, eram 12 feridas que se abriam em seu corpo!

Foi feita também para Ele, uma coroa de espinhos. Espinhos africanos, de cerca de 7 ou 10 cm cada um, e tão rígidos que poderiam até mesmo perfurar o crânio de uma pessoa. Eram utilizados pelos marceneiros como pregos, para você ter uma idéia!

Esta coroa foi fincada pelos soldados romanos na cabeça de Meu Jesus. Para não se machucarem, estes soldados utilizaram pedaços de pau, empurrando essa coroa com o peso de seu corpo.

Jesus passeou pelo meio do povo, carregando a cruz (possivelmente apenas a haste horizontal dela, porque não seria possível carregar uma cruz com mais ou menos 150 quilos de madeira, após sofrer os açoites que sofreu). O trecho percorrido tinha média de 2 quilômetros.

O sangue de Jesus ia acabando-se, pelas feridas da cabeça e das costas. Mais que isso, o povo o esbofeteava, escarrava nele, apedrejava-o.

Literalmente, Jesus foi moído, como foi afirmado quase 700 anos antes pelo profeta [Isaías 53].

Ao ser crucificado, recebeu pregos em suas mãos e pés. Nem todos os condenados eram pregados. Aliás, os pregos eram uma condenação a mais para os criminosos que tinham certo requinte em seus crimes (noutras palavras, pregos eram para bandidões). Jesus recebeu também, além dos açoites, o castigo dos pregos.

Cada um desses pregos tinha de 15 a 20 cm, no formato de uma estaca, com uma ‘cabeça’ de 6 cm. A outra extremidade era pontiaguda.

Eles eram pregados nos pulsos, e não nas palmas das mãos, como se diz. No pulso, há um tendão que vai até o ombro, e quando os pregos foram martelados, esse tendão se rompeu, obrigando Jesus a forçar todos os músculos de suas costas, para manter-se ereto e conseguir respirar com menos dificuldade.

Para ser pregado na cruz, deitaram o meu Jesus naquela cruz. Mas não se esqueça que o deitar de Jesus foi torturante (lembra-se das centenas de feridas em suas costas?).

Por ter seus pulsos pregados e seus tendões rompidos, Jesus precisava fazer uma força incomum para que seu tronco não fechase contraído, liberando assim espaço para o seu pulmão movimentar-se. Tudo isso para poder respirar porque perdia todo o ar, com seu tronco contraído. Outra coisa: você já notou como é mais fácil respirar com seu pescoço ereto? Mais ainda se você deitar sua cabeça para trás, olhando para cima? Isso porque suas ‘vias aéreas’ ficam completamente livres para a circulação do ar.

Jesus não conseguia olhar para frente, menos ainda para cima. Se fizesse isso, certamente a coroa de espinhos encostaria na cruz, ocasionando-lhe uma dor horrível. Mas voltou seus olhos aos soldados romanos, ao povo que blasfemava-o, ao bandido crucificado num de seus lados e que ria-se dele… E, mesmo com essa falta de ar, suspirou entre os seus dentes: "Pai, perdoai-vos, porque eles não sabem o que estão fazendo!"

Na luta por um pouco de ar, Meu Senhor era obrigado a apoiar-se no prego colocado em seus pés que eram maiores ainda que o de suas mãos, porque pregaram os seus dois pés juntos. E como seus pés não aguentariam por muito tempo sem rasgarem-se também, Jesus era obrigado a alternar esse ciclo simplesmente para poder respirar, sem encostar suas feridas das costas na cruz, para sofrer uma dor a menos.

As cruzes feitas a alguns criminosos eram munidas de um acento, na altura das nádegas do crucificado, para que o condenado pudesse se assentar, o que facilitava sua respiração, uma vez que dava possibilidade de sua coluna permanecer pouco mais ereta. Na cruz do Meu Senhor, este detalhe não existia. Mais uma marca de que esta cruz fora feita para um criminoso de renome. Não se esqueçam que Barrabás foi libertado, e a cruz que foi improvisada para a crucificação de meu Jesus era, possivelmente, de Barrabás.

Um buraco estava pronto para pôr a cruz em pé; Foi ela, então, suspendida com o auxílio de cordas, e, sem nenhuma delicadeza, quando ela fica quase a 90 graus, na posição que ficaria até Jesus espirar, ela cai dentro desse buraco, de uns 60 ou 70 centímetros de profundidade, e se firma, em pé.

Mas pense: não foi só a cruz que parou em pé ali. Jesus já estava preso nela. O solavanco da cruz firmando-se, então, foi mais uma forma de tortura ao Senhor.

Jesus aguentou essa situação por 6 horas. Sim, 6 horas! Muito tempo, não é verdade? Marcos 15.25, afirma que Jesus foi crucificado a hora terceira (as nove horas da manhã). E a hora nona (às três da tarde) Ele deu Seu grito final: "Eloí, Eloí, lamá sabactâni?" (Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?) [Marcos 15.34]. Da hora sexta até a hora nona, o céu tornou-se escuro. Ares de morte eram notáveis após as 3 primeiras horas de crucificação.

Alguns minutos antes de morrer, Jesus já não sangrava mais. Simplesmente saía água de seus cortes e feridas, o que sinaliza que seu sangue acabava.

O corpo humano está composto de aproximadamente 3,5 litros de sangue (em um adulto). Jesus derramou 3,5 litros de sangue; teve três pregos enormes cravados em seus membros; uma coroa de espinhos em sua cabeça, buracos enormes dos açoites em suas costas, ferimentos das pedradas e, além disso, um soldado romano cravou uma lança em seu tórax, testificando que seu sangue realmente se esgotara.

Água: sinal de que tudo estava acabando. Aliás, numa ocasião normal, tudo deveria ter acabado. A morte tentava, mas não conseguia vencer ao Meu Senhor. A dor O tomava, a ponto dEle ver-se desamparado pelo Pai. Com as dificuldades de quase 6 horas de cruz, ele agora grita: "Deus meu, Deus meu! Por que me desamparaste?"

Deus, imagino, possivelmente estava de costas nesta hora. Pai nenhum suportaria ver seu filho sofrendo dessa forma! Que momento solitário o de Jesus!

Hora nona. Escuridão de morte tentando roubar a vida de Meu Jesus. 6 horas de tentativas mal sucedidas.

Haja vista que a morte não o vencera, nem pela dor, nem pela falta de sangue, Jesus volta-se a Deus novamente, num dos maiores hinos de vitória da Bíblia: "Pai, em tuas mãos entrego meu espírito". Não foi a morte que o venceu. Não por si mesma! Ele, o Meu Jesus, que entregou Seu espírito, não a morte, mas ao Pai! "Em Suas mãos", diz Meu Jesus.

Hino de vitória sim! Jesus, em outras palavras, disse a morte: "Não és demasiadamente forte. Não para mim! Mas agora eu declaro, eu mesmo, e não você, morte: está consumado!", e entregou-Se.

Seria o fim? Não…

O hino ainda duraria mais uns dois dias (levando em consideração que Jesus foi crucificado numa sexta). Este hino só iria se concluir quando o Meu Jesus fosse visto ressurreto, sem o inchasso das bofetadas em Seu rosto, sem sangue vertendo das feridas. Feridas, aliás, cicatrizadas! Hino que iniciava-se com a violência dos soldados romanos, passaria pelo silêncio fúnebre do sábado, e voltava as triunfantes trombetas no domingo, declarando a morte novamente: ‘não és forte! Derrotada! Onde está tua vitória e teu aguilhão?'

Imaginou que processo doloroso que Jesus sofreu? Imaginou também que isso tudo foi por você?

Minutos antes de ser entregue por Judas aos soldados, Jesus orava. Foi no Getsêmani, que significa "prensa do óleo". Pedia a Deus que, se fosse possível, fizesse-O passar aquela hora. Porém, quando Jesus abriu Seus olhos, o que viu não foi algo humano. Seria humano se visse a penumbra da noite, a floresta fechada… mas o que viu foi algo além do visível. Abriu os Seus olhos, e o Pai o fez "viajar no tempo" até enxergar você. E sabe o que Jesus pensou, quando te viu? Ele pensou: "vale a pena passar por tudo isso!"

Vale a pena! Jesus não titubeou em passar por toda essa humilhação, porque quando te viu, sentiu um amor tão grande, maior que a angústia daquele momento, e declarou que valia a pena!

Pense agora: vale mesmo a pena? Temos honrado com a confiança o que Jesus teve em nós? Temos correspondido aquele amor de forma fiel e incorruptível?

Reflita. Se necessário, leia tudo de novo.

Demonstremos nossa gratidão a Jesus fazendo mesmo valer a pena!

Por Cristo. Em Cristo. Para Cristo. Nos interesses de Sua Igreja.

Blooger que sigo e de autoria do moderador!!!

Amaleque

Amaleque

Eliseo Apablaza

A alguns dias atrás, compartilhamos de Êxodo capítulo 17, sobre Refidim, a jornada que Israel viveu no deserto, uma jornada marcada pela provação, pela incredulidade e batalhas.

Nessa oportunidade, nós falamos que quando nós estamos enfrentando como cristãos a alguns problemas, a algumas necessidades, quando estamos vivendo um tempo de deserto, e parece a nós que não há água para beber, e parece que o Senhor Jesus está longe, que o socorro de Deus não chega, precisamente aí, quando experimentamos o socorro da água que sai da rocha, que nos sacia, quando estamos começando a experimentar a suficiência do Senhor Jesus Cristo, ocorre que Amaleque se levanta e nos ataca.



A lição de Êxodo 17:

A carne não foi destruída: está ali

E Amaleque, dissemos, é a carne. Porque tudo o que está escrito no Antigo Testamento é figura e sombra das coisas verdadeiras, das coisas que nós experimentamos hoje, nos dias do Novo Testamento. De tal maneira que este inimigo do povo de Deus, chamado Amaleque, tem um grande significado – significa a nossa carne, significa o nosso velho homem, este inimigo que nós temos dentro de nós, este inimigo que faz aliança com outros inimigos que estão fora, com o mundo e com Satanás.

Amaleque está dentro. Na passagem de Êxodo capítulo 17, aprendemos uma grande lição, que é esta: Amaleque nunca vai ser destruído, enquanto nós estivermos neste cenário terrestre. Amaleque não foi destruído por Josué, mas foi somente enfraquecido. Pois ali onde a versão Reina-Valera traduz «desfez», em hebreu diz textualmente «debilitou» (V. 13).

Além disso, nessa mesma passagem, diz a Escritura que Jeová teria guerra contra Amaleque de geração em geração, porque Amaleque se levantou contra o trono de Deus. Assim, pois, a nossa carne segue estando vigente. É um inimigo que está em pé.

O que nós temos que aspirar neste tempo é, não que o Senhor destrua a Amaleque – mas conforme a essa mesma Palavra, o Senhor o debilite até a enfermidade, até a impotência, para que não nos leve a derrota, para que não nos consuma na vergonha.

Porque este Amaleque tem muitos comparsas; há muitos capitães em seu exército, como essa lista que vemos em Gálatas capítulo 5: adultério, fornicação, imundície, lascívia, idolatria, etc.; ou como a lista que o Senhor enumera em Marcos capítulo 7, quando diz que estas coisas saem do coração do homem.

Esta debilitação de Amaleque ocorre por operação da palavra do Senhor – que é a espada que Josué utilizou para vencê-lo (Êx. 17:13). É a palavra do Senhor, o Logos, esta palavra por meio da qual Deus criou os céus e a terra; e não só criou os céus e a terra, mas também os sustenta. Esta Palavra é poderosa como uma espada de dois gumes, diz Hebreus capítulo 4. Enquanto recebemos a Palavra do Senhor, ela vai realizando em nós este trabalho de enfraquecimento da carne. Assim que, a lição que aquela passagem de Êxodo nos dá é esta: ‘Cuidado, cristãos, o inimigo está aí!’.

Às vezes parece que o inimigo desapareceu e está morto, mas não é assim. Simplesmente está em um período de latência. Está como essas feras selvagens que, quando vão atacar, estão mais silenciosas que nunca. Escondem-se detrás de um montículo, ou detrás de uma árvore caída… Há um silêncio sepulcral antes de seu ataque. Assim é Amaleque. Quanto mais silencioso está, mais perigoso é. Em qualquer momento pode vir um ataque devastador.

Graças ao Senhor por sua Palavra, porque não nos deixa na ignorância, não nos deixa confiando ingenuamente de porque já fomos salvos e que temos o Espírito Santo dentro de nós, porque temos alguns anos de caminhada com o Senhor, porque temos recebido uma revelação de Cristo e a igreja, etc., por causa de tantas coisas que poderíamos enumerar, já temos a carne derrotada e vencida. Não! Então, necessitamos da Palavra, necessitamos desta espada, que é a arma que Deus utiliza para a debilitação de Amaleque em nós.



A lição de 1 Samuel 15:

O perigo de perdoar o melhor de Amaleque

Uma segunda lição ou ensino a respeito de Amaleque foi recordada recentemente por nosso irmão Andrew Webb. Em 1 Samuel 15, o Senhor diz a Saul: «Olhe, anda, destrói a Amaleque, porque Amaleque saiu para atacar o povo quando ia pelo deserto. Portanto, agora chegou o dia da vingança, Saul, e você vai fazê-lo. Destrói tudo; não deixe nada com vida. Essa foi a ordem para Saul.

E Deus tinha lhe advertido através de Samuel: «Olha, dê atenção às palavras de Jeová». É como se estivesse sublinhando. ‘Atente à ordem que estou te dando, Saul, porque temo que o seu coração vá se abrandar na hora de exercer o juízo; temo que o seu coração não vá estar afinado ao meu na hora de fazê-lo’. E assim foi.

A Palavra diz que Saul destruiu tudo, exceto a Agague, o rei, e o melhor do gado e das ovelhas. Por quê? Porque teve temor do povo, o qual falava para reservar aquilo para oferecê-lo a Deus em sacrifício.

Faltou caráter a Saul; era um homem manso, um homem natural; não tinha caráter para fazer a vontade de Deus. E quando chega ao encontro de Samuel, este lhe diz: «E esse balido de vacas e de ovelhas…?». Então, aí, lhe dá essa explicação tão néscia.

Então Samuel lhe diz essas palavras que têm vigência até o dia de hoje: «sente prazer Jeová tanto nos holocaustos e sacrifícios, como em que se obedeça às palavras de Jeová? Certamente o obedecer é melhor que os sacrifícios, e o prestar atenção que a gordura dos carneiros. Porque a rebelião é como pecado de adivinhação, e a obstinação como ídolos e idolatria. Porquanto desprezastes a palavra de Jeová, ele também tem te desprezado para que não sejas rei» (1 Sam. 15:22-23).

Qual foi o pecado de Saul? O pecado de Saul foi este: Deixar com vida o melhor de Amaleque. Em termos do Novo Testamento, qual é o pecado? Deixar com vida o melhor que nós podemos oferecer da carne. ‘Ah, mas se isto é visto como tão bom; vou perdoar, não vou destruí-lo, não vou levá-lo à cruz. Isto pode servir a Deus’. Há tantas coisas boas em nós que deixamos com vida. O nosso ‘bom’ é mais difícil de ver e de julgar que o nosso mau. O nosso ‘bom’ pode servir de maior tropeço ainda para nós do que o mau, porque dissimulamos, camuflamos, e decidimos que continue existindo, decidimos não ser tocado. ‘Se isto for bom, por que não o deixamos? Acaso não servirá para Deus?’.

Essas são nossas capacidades intelectuais, a força da nossa vontade, nossos ‘bons’ planos, nossos ‘bons’ projetos. ‘Oh, eu quero servir ao Senhor, nisto, nisto e nisto. Quero fazer isto para Deus’. Apoiamos no nosso bom, na boa intenção que temos em nossas capacidades. É como se nós disséssemos a Deus o que é o que ele tem que usar de nós. ‘Aqui estão os melhores carneiros, Senhor; aqui estão as melhores ovelhas, Senhor; aqui estão as melhores vacas, para ti, Senhor’. Entretanto, o que o Senhor queria de Saul não era a sobrevivência daquelas coisas, mas o extermínio total.

Sim, o Senhor pode nos parecer cruel às vezes. Um afeto teu desmesurado por sua filha, o Senhor vai pedir que seja exterminado. ‘Senhor, mas é minha filha! Não seja cruel, Senhor!’. ‘Se isso é crueldade, que seja; mas extermine-o’. Ou um amor desmesurado por seu trabalho, por sua carreira; seja lá o que for. Tudo aquilo que você considera bom, formoso, saudável, aquilo em que você se gloria – isso é o melhor de Amaleque.

O Senhor diz: «Se compraz Jeová tanto em holocaustos e sacrifícios, como em que se obedeça às palavras de Jeová?». Oh, por isso é tão difícil a obediência; a obediência tem mais valor que as ofertas. A obediência tem muito mais valor que ir aos confins do mundo para pregar. Obedecer à vontade do Senhor é mais difícil que ir ao outro extremo do mundo para pregar o evangelho. Uma coisa santa e boa como é pregar o evangelho pode ser um disfarce de Amaleque. Quantas dessas coisas em nós podem acontecer assim! Você faz coisas para Deus, mas com uma dupla intenção, com outra motivação. Isso é a carne, isso é Amaleque.



A lição de 1 Samuel 30:

Amaleque ataca as famílias

Mas agora, para completar um pouco mais esta série de mensagens sobre Amaleque, queríamos adicionar algo mais, com a ajuda do Senhor.

Vamos retirar de 1 Samuel capítulo 30. Quando lemos o capítulo 15 deste livro, onde se relata a morte de Agague nas mãos de Samuel, nós poderíamos pensar que todos os amalequitas foram destruídos. Entretanto, aqui, no capítulo 30, aparecem os amalequitas de novo, cumprindo-se assim a palavra que Deus deu através de Moisés em Êxodo: «Jeová terá guerra com Amaleque de geração em geração».

«Quando Davi e seus homens vieram a Ziclague ao terceiro dia, os de Amaleque tinham invadido o Negebe e a Ziclague, e tinham assolado a Ziclague e a tinham queimado a fogo». Acontece que, na cidade de Ziclague, estava a família de Davi, as suas mulheres, os seus filhos, e as famílias de todo o seu exército, que eram seiscentos varões de guerra.

Lembremos-nos que, nestes dias, Davi ainda não era o rei em exercício de Israel. Tinha sido ungido, sim, mas Saul ainda estava no trono. Davi era um rei fugitivo. Na ausência deles da cidade de Ziclague, os amalequitas vieram e levaram as suas famílias cativas. De modo que, quando Davi e os seus homens chegaram, encontraram a cidade em chamas, e nem rastros de suas mulheres nem de seus filhos. Então eles levantaram a voz e choraram «até que lhes faltaram forças para chorar» (V. 4).

Isto é o que faz Amaleque. Como interpretamos isso à luz do Novo Testamento? Notem aqui: Amaleque ataca a cidade, e levam cativas às famílias.

A carne está fazendo hoje em dia este mesmo trabalho; está separando os pais dos filhos, os maridos das esposas, levando uns em cativeiro e consumindo a outro no desespero, no pranto.

A carne, quando se manifesta e ataca, pode deixar seqüelas tão graves na família, que, além de dividi-la, consome os pais –os maridos às vezes– neste pranto até o desespero. Mais e mais vezes somos testemunhas da destruição dos lares, a separação dos pais com respeito a seus filhos, e de matrimônios divididos.

É fácil jogar a culpa em Satanás, e jogar a culpa no mundo. Entretanto, aqui nos sugere claramente que a principal causa é Amaleque – é a carne.

Quando perguntaram ao Senhor se era permitido ao homem repudiar a sua mulher, ele disse: «O que Deus uniu, não o separe o homem». «E como Moisés nos mandou dar carta de repúdio a nossas mulheres?», disseram-lhe os judeus. E o Senhor lhes disse: «Pela dureza do vosso coração, Moisés lhes permitiu –não lhes mandou– repudiar às suas mulheres; mas no princípio não foi assim».

«A dureza do vosso coração». Aí está a chave de muitas rupturas matrimoniais – a dureza de coração. Quanta dureza na carne! Quão forte chega a ser a carne! A carne se veste de uma armadura impenetrável. Então, não há capacidade de perdoar, de adaptar-se ao outro, de receber o outro, de ceder diante do outro, de valorizar o outro. Há só julgamento, desqualificação, menosprezo e violência.

E em seguida jogamos a culpa no outro. ‘O que aconteceu, Adão?’. ‘Ai, Senhor! A mulher que me deste por companheira, ela é a culpada’. Entretanto, é a dureza do coração. Oh, se fôssemos mais quebrantados, mais ternos; se tivéssemos a mansidão e ternura de Cristo! Seria muito diferente.

Então, a carne produz estes descalabros. E atua também em relação aos pais com os filhos. Esses mesmos pais, que podem ser tão intransigentes entre si, às vezes são tão benévolos com os seus filhos! Até o ponto de às vezes parecer que os filhos são os que mandam na casa.

Quando os pais tentam ser firmes e corrigir, os filhos se enchem de rebeldia. ‘Oh, este meu pai é o pior pai do mundo, é o mais duro do mundo; ele não me ama’. Filhos rebeldes… lares divididos. Cada um se afirma em sua posição. Os filhos exigem direitos.

Hoje no mundo, alguns filhos têm certa independência econômica, saem de casa. Alugam um apartamento entre vários jovens, como fugindo da ordem familiar. Outros, ainda estão na casa dos pais, mas só de corpo presente, porque o seu coração já não está mais ali. Como aquele garotinho a quem o papai lhe mandava sentar-se, mas ele estava ensoberbecido, e não queria obedecer. Finalmente se senta, mas diz ao papai: ‘Sento-me, mas ainda, por dentro, estou de pé’. Assim se levanta a carne e divide as famílias.

Agora, quando Davi tomou consciência do que tinha acontecido, consultou ao Senhor: «Perseguirei a estes saqueadores? Poderei alcançá-los?». E lhe diz: «Segue-os, porque vai alcançá-los, e irás libertar os cativos». Assim Davi reuniu o seu pequeno exército, e partiram atrás dos seus cativos.

Quando chegam ao acampamento dos amalequitas, «…e eis que eles estavam esparramados sobre toda aquela terra, comendo e bebendo e fazendo festa, por todo aquele grande despojo que tinham tirado da terra dos filisteus e da terra de Judá».

Amaleque estava fazendo festa. Enquanto nós choramos nossos problemas matrimoniais, a separação de nossos lares, a partida de nossos filhos, Amaleque faz festa. Assim é; esse é o nosso inimigo.

«E os feriu Davi desde aquela manhã até a tarde do dia seguinte; e não escapou nenhum deles, a não ser quatrocentos jovens que montaram sobre os camelos e fugiram» (30:17). O que vos parece? Diz: «…e não escapou nenhum deles», e em seguida diz: «…a não ser quatrocentos jovens», ou seja, Amaleque não foi destruído, outra vez; foi vencido, mas não destruído. Quatrocentos jovens escaparam. O que significa jovens na Bíblia? Os jovens são os que têm vigor. Então, o mais vigoroso de Amaleque, ficou em pé. Eles têm vigor para fugir e escapar. Quando a espada vem, eles fogem. Por isso, Amaleque segue presente.

Contudo, graças ao Senhor, houve alegria. Tomaram todo o despojo, e as suas mulheres e os seus filhos. «E não lhes faltou coisa alguma, pequeno nem grande, assim de filhos como de filhas, do roubo, e de todas as coisas que lhes haviam tomado; tudo Davi recuperou» (30:19).

Irmãos, que maravilhosa esperança temos! Vocês percebem o significado espiritual disto? Davi aqui é o nosso Senhor Jesus Cristo. Davi recupera tudo o que tinha sido perdido. Sim, em Cristo temos esperança de recuperar tudo aquilo que a carne desbaratou. Todo o dano que fez, em Cristo o recuperaremos.

Sim, essa é a nossa confiança, essa é a nossa esperança. O Senhor nos devolverá tudo. E as lágrimas que choramos, a dor que sofremos, terão servido para formar algo em nosso caráter. Nem sequer as lágrimas se perderão; os dores não serão gratuitas; elas também deixarão um saldo favorável. Obrigado, Senhor Jesus, por suas vitórias!

Amados irmãos, o que nos ensina, então, este episódio de Ziclague, de Amaleque atacando esta cidade, e queimando-a? A cidade pode ser a nossa casa, ou pode ser também a igreja. Amaleque vem e a ataca, e causa destruição. Esse é Amaleque, essa é a carne.

Irmãos, vejamos quantas coisas acontecem em nossos lares que são produto de nossos enganos ou pecados. Quando os nossos filhos pecam, os pais não podem ‘lavar as mãos’. Alguma responsabilidade temos; pode ser pequena ou grande, mas temos alguma responsabilidade.

Quanto de nosso caráter, de nossa natureza adâmica, está ainda governando as relações na casa. Quanta dureza de coração, quanta incapacidade de perdoar. Que o Senhor nos socorra, porque a carne se levanta e é tão forte, que pode destruir um lar, destruir uma família; tirar a paz, a comunhão.

Vem-me à memória essa passagem nos primeiros capítulos de 1 Samuel, quando o Senhor fala com Eli, e lhe diz: «Porquanto honrou a seus filhos mais que a mim, e não os estorvou, eu farei que tu fiques sem filhos».

Ofni e Finéias, os filhos de Eli, eram homens levianos. Entretanto, o Senhor falou com Eli: «Você tem responsabilidade. É certo que você disse a seus filhos que não era bom o que estavam fazendo, mas não foi mais à frente para estorvá-los».

Que o Senhor nos ajude para estar atentos e estar advertidos destas formas sutis e ardilosas com as que Amaleque se levanta e se apresenta, não suceda que sejamos envergonhados, ou destruídos.
(Síntese de uma mensagem ministrada em Temuco, em setembro de 2008).